sábado, 20 de setembro de 2014

LUTO: UMA CERTEZA DA VIDA (TEXTO 2)



Já no texto anterior abordei o fato de que existem vários lutos ao longo da vida. neste texto vou me ater sobre os lutos que são vividos pelas crianças quando figuras significativas em suas vidas morrem.

As crianças, ao contrário do que muitos pensam, entendem e sentem tudo o que acontece à sua volta, do seu jeito, mas entendem. A perda de uma pessoa próxima (em especial pais mães, tios...) traz sofrimento, que muitas vezes é manifestado em formas avessas ao que se espera de um momento de tristeza: irritação, agitação, medo, enurese, encoprese, queda no rendimento escolar... Algumas conseguem falar que sentem falta, saudade, outras não conseguem colocar em palavras o seu sentimento. 

Essa criança vai crescer, se tornar adulto e tocar sua vida pra frente e aparentemente superar o luto. Porém este luto que muitas vezes foi mal vivido por falta de acolhimento ou entendimento dos adultos pode ser um dos fatores que levam a um adoecimento, que surge sem uma causa compreensível. Não é regra, mas é mais comum do que se imagina. O adulto que muitas vezes chora sem saber o porquê, que não consegue perder peso, que é muito ansioso, inseguro... pode ter tido um luto mal vivido na infância. Mais uma vez enfatizo: não é regra, mas pode ser um dos fatores. A este adulto cabe buscar entender de onde vem este sentimento "estranho", que muitas vezes é encontrado em sua história infantil. Daí a importância do autoconhecimento, de buscar ajuda, de fazer psicoterapia.

É necessário entender e acolher a dor da criança em suas diferentes manifestações, dar espaço a ela para poder falar da morte ou representá-la dentro do seu entendimento. E quando necessário, também buscar ajuda de um psicólogo infantil.

sábado, 23 de agosto de 2014

(RE) ENCONTRO CONSIGO MESMO: A IMPORTÂNCIA DE CUIDAR DA AUTOESTIMA



Ouvimos muitas vezes que cuidar da autoestima é importante. Geralmente atribuímos o cuidado com a autoestima ao cuidado com nossa aparência física, usando uma roupa bonita, cabelos arrumados, maquiagem, corpo malhado... tudo isso faz parte sim do cuidado consigo mesmo é muito importante, mas o significado da boa autoestima é muito mais extenso. 

Podemos dizer que a autoestima é a estima que temos por nós mesmos, o apreço, a admiração. Ainda, é a forma como eu me vejo, como eu me percebo, o quanto eu me quero bem... ou não. Sim, porque se minha autoestima não é boa, se ela está baixa a imagem que tenho de mim mesmo tende a ser negativa. 

A definição de como está minha autoestima acaba definindo também as minhas escolhas: o trabalho que eu realizo, a alimentação, as pessoas que eu escolho pra me relacionar...  se eu estimo alguém eu quero o bem a esta pessoa, sou carinhosa. Se eu me estimo tem que ser da mesma forma, tenho que querer o meu bem, tenho que cuidar de mim, cuidar da minha alimentação, fazer atividades que me dão satisfação, estar com pessoas que me fazem bem, saber dos meus limites e dizer não para o que me prejudica de alguma forma.

Quais os sinais da baixa autoestima? Sentimento de inferioridade, insegurança, pensamentos pessimistas, dificuldade de lidar com frustrações, resistência em receber elogios, dificuldade de impor limite ao outro porque tenho preocupação em ser querido, ansiedade, agressividade e outras vulnerabilidades emocionais.

Para ter uma boa autoestima é importante exercitar o autoconhecimento para enaltecer nossas qualidades e diante dos defeitos, das dificuldades que percebemos em nós, fazer movimentos de mudança, de início pequenos, mas sem desistir de fazê-los. Se sou tímido, posso começar a tentar olhar mais as pessoas nos olhos. Se acho que estou acima do peso, que tal  começar a fazer pequenas caminhadas, um dia dez minutos, outro dia quinze... podemos começar aos poucos mas dar continuidade, para que as mudanças realmente aconteçam. É assim que aprendemos a maioria das coisas que sabemos. Não aprendemos a ler de uma hora por outra, tivemos que levar anos para poder ler e interpretar bem o que lemos. Errando e acertando, mas nunca parando de tentar. Não podemos esquecer outra opção sempre válida para buscar o autoconhecimento: a psicoterapia.

Quanto mais eu gosto de mim, mais eu escolho coisas boas para mim. Se ame! Você merece este carinho!

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

LUTO: UMA CERTEZA DA VIDA (TEXTO 1)



A dor da perda. Sentimentos confusos. Sensação de estar perdido, de não saber o que falar, como agir.
O luto é um processo pelo qual todos nós passamos ou vamos passar um dia, de formas diferentes para cada pessoa, pois somos singulares e nossa forma de manifestar o que sentimos é muito particular. Mas ele é uma certeza em nossa vida. Há vários tipos de luto, pois também há diferentes formas de perdas (divórcio, saída dos filhos de casa, mudança de cidade...), mas o que nos remete diretamente a palavra luto é a morte. E é sobre ela que vamos nos ater neste momento.
A morte muda tudo: a rotina, os planos, alguns sonhos... a dor da perda, associada a essas mudanças faz com que a pessoa que passa por esse processo tenha que se reestruturar e isso leva tempo. Muitos conseguem em um tempo menor retomar suas atividades, sem deixar de se sentir tristes em muitos momentos e com saudades. Outras pessoas levam um tempo maior, mas também superam a tristeza mais profunda. Mas algumas pessoas  acabam tendo dificuldade em passar por este processo, principalmente quando a perda é traumatizante (acidentes, doenças com uma evolução rápida, assassinatos dentre tantas outras formas...).
Muitas pessoas acabam prolongando o luto e este se torna um adoecimento, que a impede muitas vezes de tomar atitudes favoráveis a si mesmas, o que está geralmente associado a um sentimento de culpa. Mesmo que a razão esclareça que não há culpa e não temos como controlar a morte, o sentimento nos "corrói por dentro", e acabamos nos punindo de alguma forma. Como consequência, acabamos atingindo pessoas que também amamos, que estão junto de nós, que tentam nos ajudar, nos dar apoio. Neste momento é preciso reconhecer que podemos e precisamos de ajuda. Uma escuta profissional, num processo de terapia auxilia neste processo, nesta reestruturação.
O psicólogo é o profissional mais capacitado para acompanhar a pessoa neste momento tão difícil. O acolhimento da dor, o entendimento dos sentimentos e o espaço para que eles se manifestem proporcionam alívio e a retomada dos projetos de vida.
Precisamos reconhecer que nem sempre conseguimos superar alguns fatos sozinhos. Podemos e devemos pedir ajuda! Não somos super-heróis, somos seres humanos e não vivemos isolados, vivemos em sociedade, e juntos podemos mais. Procurar ajuda não é sinal de fraqueza, pelo contrário, é prova de que somos importantes e que a pessoa que partiu gostaria de nos ver felizes, seguindo nossas vidas.